Essa semana eu vi uma frase em algum lugar na internet que me despertou algo interessante no cérebro. Era a seguinte:
“Por que eu seria burro de morrer para destruir uma lei que eu mesmo criei?”
A frase estava atribuída a Deus.
Ela me pareceu uma frase de alguém incrédulo. Mas eu acho que ela poderia ser usada com coerência tanto por um ateu quanto por um cristão.
Do ponto de vista bíblico, havia um número maior do que um de leis. Claro que a Bíblia não usa termos distintivos para este tipo de lei ou aquele tipo de lei. Mas tem que ter a mente MUITO embotada para não perceber certas diferenças entre os tipos de lei que D-s deixou para o povo DELE. Mas vamos fazer uma excursão rápida.
Quando a raça humana pecou, ela automaticamente se separou de D-s. Ao pecarmos, nós declaramos nossa independência dele. Mas D-s, muito misericordioso e por amar muito a raça de teimosos que nós somos, montou um plano pra nos re-ligar (daí vem a palavra religião pra quem não sabe). Para o mundo não ser completamente destruído junto com os seres humanos, ele teria que extirpar o pecado da face da Terra, mas para fazê-lo, Ele teria que destruir todos os seres humanos. E Ele não queria fazer isso (apesar de quase ter feito na época do dilúvio). Então Ele decidiu dar vida àquele que quisesse se ajuntar a Ele novamente e abandonar a doença do pecado. Só que pra fazer isso Ele precisava entender o que nós passávamos. Ele precisava entender e sentir na PELE como o pecado funcionava. E a única maneira de fazê-lo seria tornando-se um de nós e passando por todas as coisas que nós seres humanos passamos, inclusive a morte, e vencer todas elas, para poder comprovar que ele podia dar vida ao pecador.
Mas isso era delicadíssimo e Ele não poderia fazê-lo de qualquer maneira. Ele tinha que vir na hora certa.
E Ele veio na hora certa. Mas até ele vir, teria que haver algo que ligasse os seres humanos a Ele mesmo antes de Ele vir. E é aí que entram as leis.
Quando o mundo foi criado, ANTES do pecado, Deus ensinou a Adão e Eva o estilo de vida divino, que ele gostaria que eles compartilhassem entre si. E TUDO o que D-s queria com os seres humanos era uma relação de amor. Amor de Deus para com Eles, deles para com Deus e amor ENTRE eles. E amor incluía deixar de lado o mal, deixar de lado tudo o que era contrário a Deus, como a cobiça, a inveja, a violência... Etc. Só assim eles poderiam manter-se conectados com Deus. Caso eles se desconectassem de Deus, automaticamente, a vida se esvairia deles. E Deus, deixou pra Eles um mundo inteiro para explorarem, e todos os dias ele falava com eles e tal, mas, pelo que se lê e entende na Bíblia, ele pediu que a cada sete dias, eles tirassem o dia só para se relacionarem com Ele (Ele não precisava descansar no sétimo dia, precisava?), era como sair no fim de semana com amigos que vemos todo dia na escola. Esse estilo de vida, nós podemos ver claramente imprimido nos dez mandamentos. Do primeiro ao décimo, D-s não os havia dado pela primeira vez no monte Sinai a Moisés, era um estilo de vida que existia desde o Éden, antes do pecado, os dez mandamentos na rocha só serviam para eternizar esse estilo de vida (Gênesis 2:1 a 3). Deus deixou alguns exemplos de estilo de vida saudável também, como eles deveriam se alimentar (Gênesis 1:29).
Mas eles pecaram, e toda a raça humana foi destinada a viver separada de D-s e morrer por causa dessa separação. Então D-s entrou com seu plano amoroso e inteligente. Para que seu povo sempre se lembrasse da promessa de um libertador que salvaria a raça humana do pecado e da morte, Ele instituiu algumas leis referentes a sacrifícios e cerimônias que apontavam para o futuro sacrifício de Cristo.
Quando o povo de Deus ficou cativo numa nação pagã por muito tempo, eles acabaram perdendo esses costumes, estilo de vida e leis memoriais. Então, após libertar seu povo dessa nação que os oprimia, Deus fez questão de fazer algumas coisas que relembrassem a eles o estilo de vida que Ele sempre almejou para seu povo.
Ele fez questão de sempre lembrar ao povo que havia esperança para resgatá-los do pecado e livrá-los da morte. Então Ele instituiu as leis que lembrariam o povo do sacrifício futuro de Cristo, e que limpariam o povo do pecado enquanto não fosse feito o sacrifício definitivo, e ainda institui leis para que o povo lembrasse que ELE estava no meio deles. Essas são as chamadas leis cerimoniais e incluem os sacrifícios de animais, as festas, as luas novas, os 7 sábados anuais, etc.
Além disso, Deus quis que a saúde do povo fosse a melhor possível, então ele estabeleceu leis sobre higiene e saúde que incluíam o tipo de carne mais saudável que o povo poderia comer.
Como Deus é um Deus de ordem, ele ainda instituiu leis civis que mantinham a organização do povo e diziam a respeito de valores sociais como questões financeiras e relacionamentos, incluindo inclusive consequências graves a quem desobedecesse.
Então, o mais importante, Ele quis resgatar o estilo de vida que mantivesse o relacionamento entre Ele e o Povo e entre as pessoas, que existia desde o Éden e que seria a coisa que identificaria seu povo até o fim dos séculos (Ezequiel 20:12, Apocalipse 14:12) e ainda marcaria o estilo de vida na Nova Terra (Isaías 66: 23), então ele deixou os dez mandamentos, que incluem E destacam o sábado como um dia a ser LEMBRADO e SANTIFICADO.
Quando Jesus morreu na cruz, ele cumpriu tudo o que as leis que chamamos acima de “cerimoniais”, e elas então se tornaram obsoletas. Não havia necessidade de sacrificar animais, por que o Cordeiro de Deus já tinha feito o sacrifício definitivo, não havia mais necessidade de rituais que lembrassem que Deus estava entre nós por que assim que Jesus subisse, o Espírito Santo viria para lembra-nos disso. Não havia mais necessidade de circuncisão por que o sinal agora não era mais físico. Era só aceitar. Era o batismo com a água e o Espírito. Essas leis foram abolidas não por que foram invalidadas, muito pelo contrario.
Além das cerimônias e rituais, algumas leis civis se tornaram obsoletas por que eram baseadas na lei pela coerção e pela punição, e não pelo amor, e Jesus veio para dar amor e não punição.
Quanto às leis de saúde, algumas não se aplicam a nossa realidade, outras continuam valendo (as de Levítico 11, por exemplo), por que o organismo dos seres humanos continua funcionando da mesma maneira que funcionava naquela época.
Quanto aos dez mandamentos, são parte de um estilo de vida, uma maneira que Deus deixou para que, mesmo aqui na Terra Pecaminosa, tivéssemos um estilo de vida parecido com o que teremos no Paraíso que ele prometeu. Por isso não faz sentido Ele ter abolido essa lei na cruz, por que ela nada tinha a ver com seu sacrifício diretamente, ela tinha a ver com viver na vontade de Deus. Tinha a ver com relacionar-se com Ele e conhecê-lo o suficiente par fazer sua vontade. O próprio Jesus e os discípulos depois que ele subiu aos céus, cumpriam os 10 mandamentos, não matavam, não roubavam, não desrespeitavam a Deus e reuniam-se no sábado para comunhão (Lucas 4:16; 6:5; 23:54, 56; Atos 13:42, 44). Não se trata diretamente de salvação, e sim de relacionamento com Deus e com o próximo. Como uma aliança (não é a toa que os 10 mandamentos estavam dentro da Arca da Aliança que era cópia da que está no céu – Hebreus 9: 1 e 24).
E é por isso que eu digo que a frase que citei no início está errada por um lado por que Deus não destruiu a lei que apontava ao sacrifício, ela apenas não fez mais sentido após a morte de Jesus. Por outro lado a frase está certíssima no que diz respeito aos dez mandamentos: Deus não seria burro de morrer para destruir uma lei que Ele mesmo criou.
E aí? Vai continuar desafiando a inteligência divina?
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