O Sol levemente escaldante some de vista por trás das nuvens escuras. Belo Horizonte. Eu estou sentado no banco de uma praça úmida pela chuva recente, em frente a uma igreja que fica no meio dela. É um moderno e bonito santuário católico. Eu termino o desenho e olho para cima e ao meu redor, ao som dos Beatles em meu mp4.
Vejo dois casais se beijando. Uma senhora de idade senta para descansar por alguns minutos. Eu a incluo no meu desenho um tanto rascunhado.
Vejo pessoas de todo tipo. No playground algumas crianças brincam. Estão matando aula de uma escola próxima. Lamento não ter levado a câmera. Teria capturado momentos únicos.
Um pequeno pombo negro passa na minha frente, tranqüilo e sereno em sua jornada.
Vejo pessoas indiferentes. A maioria delas alheia à beleza que as cerca. Talvez por que já estão acostumadas. Ou talvez por que não têm tempo para apreciar a beleza.
Tempo.
O tempo, esse valor, talvez o mais relativo de todos os valores. Passa às vezes tão lentamente. Outras vezes ele passa tão rápido que nem sequer percebemos.
Lugar.
A diferença entre o lugar e o tempo é que o lugar é absoluto. Talvez as perspectivas sejam diferentes, mas o lugar é o mesmo. Minas Gerais tem vários lugares bonitos como este, e outros ainda mais belos.
Mas os lugares, por mais belos que sejam, são apenas lugares vazios sem pessoas.
E o tempo, ah, o tempo não passa de um valor desvalorizado sem as pessoas.
Eu imagino o que cada olho que passa por aqui já viu. O que cada ruga, ou falta dela, indica. Percebo que eu posso não saber, mas talvez aquela pessoa desconhecida que passa apressada com o guarda chuva na mão esteja mais ligada à minha vida do que eu posso imaginar.
Existem estudos científicos que dizem que todos os seres vivos estão conectados por uma rede de energia que ultrapassa o espaço e até mesmo o tempo.
Os religiosos concordam.
A Teoria do Caos concorda também.
Mas nós não percebemos. Não conseguimos enxergar.
As gotas começam a cair pouco a pouco até a chuva se tornar incômoda para quem não quer se molhar.
As pessoas que passam abrem seus guarda-chuvas e sombrinhas. Preocupadas. Indiferentes. Tranquilas. Sofredoras. Felizes.
Não sei.
O que eu sei é que de repente me ocorreu que tem que haver algo. As pessoas não podem simplesmente serem selecionadas ao acaso e colocadas onde estão. Tem que haver o tempo. O lugar. E a conexão entre tudo.
Então, enquanto os Beatles imaginam e cantam que a vida continua e que ao através do universo, nada pode mudar o seu mundo, minha mente repete para mim:
Os lugares, por mais belos que sejam, são apenas lugares vazios sem pessoas.
O tempo não passa de um valor desvalorizado sem as pessoas.
E as pessoas não passam de bonecos de barro sem D-s.
Praça Carlos Chagas, BH, 02-12-09
PS.: O desenho foi meio que só um rascunho... mas postei aqui mesmo... depois terminarei.
Que injustiça depois disso tudo não postar o desenho :x
ResponderExcluirHuahuahauh, postando o desenho agora Itarcio...
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